Bárbara Pessoa é dramaturga, professora e crítica teatral. Licenciada em Teatro pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), atua no cenário profissional de Salvador desde 2010. Em 2017, pela mesma universidade, recebeu o título de Mestra em Artes com a dissertação Texto dramático e educação: uma esfinge de decifração infinita.
Durante sua graduação, Bárbara participou do grupo de extensão de Criação Dramatúrgica, fundado e coordenado pelo dramaturgo e professor Marcos Barbosa. Além de selecionar e organizar a publicação das dramaturgias dos alunos envolvidos no projeto, Barbosa criou o minifestival de dramaturgia 4 Cravos Para Exú, no qual Bárbara Pessoa estreou sua primeira peça intitulada Pensando bem, em 2010. Outros dramaturgos que participaram do mesmo projeto foram Cristiane Barreto, com o texto Meninas de short e sem rosto; Tássio Ferreira, com o texto Cipriano; e Gildon Oliveira, com o texto Alfazema e suor.
No texto Pensando bem, Bárbara apresenta o cotidiano de um jovem casal, dando ao público acesso aos seus pensamentos na forma de dois personagens autônomos. Um texto cômico que convoca o público a refletir acerca das inseguranças fantasmagóricas existentes em um relacionamento, nesse jogo infinito com as expectativas que o sustentam. Apesar de a dramaturgia de Bárbara Pessoa ter se transformado muito no decorrer de sua experiência, essa estreia apresenta o que poderíamos chamar de uma assinatura poética da dramaturga: a crítica elaborada a partir do que é aparentemente banal.
O interesse de Bárbara pelo cotidiano e a acidez de seu humor transformam seus textos em ferramentas poderosas de análise acerca da materialização das dinâmicas de poder nas relações interpessoais e diárias. E para dar substância a esse jogo, a dramaturga investe na complexidade de seus personagens, tornando-os críveis enquanto humanos e familiares à sua audiência. O que acaba por gerar diálogos substanciais e pouco ilustrativos, estimulando uma relação ativa do público com o objeto de sua crítica.
No ano de 2011, Bárbara Pessoa é convidada a participar do Teatro Base – Grupo de Pesquisas sobre o método do ator, onde atua como dramaturga da primeira obra do grupo, intitulada Arbítrio (Prêmio Braskem 2011). Essa dramaturgia foi construída em sala de ensaio, com textos de Bárbara Pessoa, Diego Araúja (também diretor do espetáculo), e inserts de adaptações de textos canônicos, dentre eles Shakespeare, Dostoievski, Lorca e Calderón de La Barca.
De volta a Dostoievski, a dramaturga assina a adaptação do romance Os demônios, que estreia no Teatro Vila Velha com direção de Daniel Guerra. A primeira versão da adaptação estreou em 2018 e a segunda em 2019. A relação da artista com adaptações de romances nos mostra a dedicação à ação dramática em seu trabalho. Essa é a ferramenta que usa para selecionar o que manter da poesia, presente em um romance como Os demônios, por exemplo. Talvez por influência de sua escola, seus textos apresentam uma inegável praticidade e objetividade, mas com espaços de respiro que, por vezes, nos permitem rir de sua secura.
Bárbara Pessoa foi colunista da Revista Barril escrevendo críticas teatrais entre os anos de 2016 e 2018. Na revista, publicou, em 2020, um experimento dramatúrgico intitulado 5 diálogos contemporâneos de uma dramaturgia em pandemia. Nesse texto, Bárbara desloca as dúvidas e incertezas a respeito do vírus, muito presentes no início da pandemia, para contextos sociais distintos, evidenciando o peso das desigualdades no Brasil diante das escolhas individuais dos protocolos de proteção e cuidado. Durante a pandemia, em 2021, finalizou também o texto Noite com Sol, ainda inédito.
No cinema, concluiu, no ano de 2021, a Formação de Roteiristas da Escola de Formação para Roteiristas de São Paulo. Colaborou com esquetes para o Polo Audiovisual (PODA), projeto do ator baiano Alan Miranda, e está desenvolvendo seu primeiro roteiro cinematográfico.
Laís Machado